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domingo, 29 de julho de 2012

Chapéu preto, sapatos brancos e o resto de vermelho



Bem como o nome sugere, o texto em questão é realmente uma arma para nossos ouvidos e em especial para nossa alma. Uma bomba da mais suave, pura e doce criatividade. Uma granada da delicada energia de Jack White. Blunderbuss é o álbum solo de Jack e traz um rock com nuances do blues, do country, do folk, do jazz. White mostra neste disco que a energia do rock'n'roll pode muito bem ser acompanhada pelo piano, pelo violino, por um piano clássico. Revolucionando e mostrando mais um tom de sua paleta de criatividade, Jack White prova que consegue fazer rock da maneira mais simples com guitarra e bateria, com o glorioso White Stripes, e com uma banda de mais de cinco instrumentos diferentes. A versatilidade está aliada há uma imaginação ímpar e um ouvido espetacular.
She put the ice up on my tongue and then it melted away
As músicas do álbum são, geralmente, curtas. Dois minutos e meio... Três. Parecem pequenas pílulas para um vício que vem naturalmente com o passar das músicas. As músicas têm temas corriqueiros de Jack: amor, mulheres, viagens (alcoólicas ou não)... É possível perceber as influências de Led Zeppelin em White, entretanto, esse álbum veio como com uma afirmação pleonástica do talento dele. Jack é, para mim, o artista ícone em criatividade do último século.

Missing Pieces abre o álbum e de primeira, choca aqueles que estão acostumados com a guitarra suja de Jack White. Um piano, um leve toque na bateria, um riff simples na guitarra. Mas a música mostra a riqueza que a banda, de mulheres, deu ao nosso caro amigo. Vocais que se aliam e tornam-se um e a música vai ganhando consistência em nossos ouvidos.
You took me to a public place to quietly blend into
 Logo depois, Sixteen Baltines chuta a porta e traz de volta a mesma essência de White Stripes. A mudança de tons na voz de Jack, os jogos vocálicos aliados com a guitarra distorcida, bateria com sequência simples, letra contundente. Essa música é pra acalmar o ouvinte que conheceu Jack em outras versões, mostrando que, apesar da delicadeza que uma banda acompanhada por um violino, ele ainda é um roqueiro irredutivelmente. No entanto, para quem nunca o ouviu, essa música é para mostrar que ele é capaz de tal proeza.

Freedom at 21 é uma das minhas favoritas. Acho que nessa música, Jack cria o podemos chamar de 'rap blues'. Um baixo suave, uma guitarra com noises sutis e uma bateria que não poderia ser melhor trabalhada para o que a música pede. Palavras rápidas de contundentes jogadas entre um acorde e outro. Tema: mulheres, mulheres, mulheres...
I wont let love disrupt, corrupt or interrupt me
 Logo vem uma música de calmaria novamente. Gosto da forma que o disco foi organizado e como as faixas foram dispostas.  Enfim, vem Love Interruption. Uma voz doce, linda e forte vem acompanhada a voz destoante de Jack. O violão e o piano são cama para que essas vozes pulem e consigam dar profundidade a uma das letras mais lindas que já ouvi.

Homônimo ao álbum, Blunderbuss começa com toques sutis num violão acústico, logo depois, um piano começa a ser tocado como quem toca uma mulher que já conhece. A música traz tranqüilidade à medida que a curiosidade da história lunática da letra cantada cresce. A música o consagra, mesmo que ainda não tenha acabado o álbum. A pureza e harmonia que os instrumentos se arranjam com voz, sentimento e palavras colocados enriquecem o ouvinte.

But if you’re thinking like i, i think you’ll see that you’re mad at you too
Hypocrital Kiss tem um pouco das características de Freedom at 21, com uma letra meio que falada, mas em questão de acidez nas palavras, não há música no álbum como ela. O mais impressionante para mim, é como ele consegue deixar a música agridoce, com frequentes riffs no piano e a letra que ela tem. O mesmo se repete em Weep Themselves to Sleep, mas com uma roupagem mais clássica.

I'm shaking lembra o rock'n'roll dos anos 50, tanto pela melodia da música, pelos vocais, pela guitarra que range bem menos, pela letra que ao mesmo tempo é inocente e maliciosa, pelos cocais femininos no fundo, pelas palmas que substituem as cordas nos momentos certos. Solos agudos não poderiam faltar, não quando se trata de Jack White.
I got a feelin' my minds in the sky

Trash Tongue Talker... Bem, para ser sincera, eu não ouvi tantas vezes para poder passar alguma impressão dela. Ouçam e compartilhem idéias.

Hip (Eponymous) poor boy, On and On and On e Take me with you when you go, são as músicas com mais referencias clássicas do álbum. Pianos preenchem todas as músicas, e tirando a última, mantém um ritmo linear, sem muitos agudos ou mudanças como nas outras músicas. I guess I should go to sleep também traz muitas referencias clássicas. O piano é o que mais conversa durante a música e os vocais que acompanham Jack nos levam aos bordéis norte-americanos dos anos 30.
She don't care what kind of wounds she's inflicted on me
O disco é iluminado, uma síntese do que Jack White tem pra oferecer ao mundo. É rico e tem de tudo um pouco. Rock, Jazz, Blues, Rap, com tons de azuis e vermelhos, como não poderia deixar de ser. Bom para ouvir com os amigos, com as amigas, com os amores, sozinho com café. Recomendável também com vinho e outras drogas. Servir quente.

*Curiosidade: Na capa do disco, Jack aparece com um corvo nos ombros. Trata-se de seu animalzinho de estimação.





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