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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Je Last Night rêvé que quelqu'un m'aimait

Leiam ouvindo o álbum dos Smiths Strange ways, Here We Come

Eu realmente (e felizmente) sonhei isso, acredite quem quiser. E continuo a esfregar-se freneticamente em uma garota menstruada.

Você já teve um daqueles dias em que algo parece estar tentando te contar sobre alguém? O dia parece possuir um leve perfume de anticépticos e naftalina. E em algum lugar permanece aquele cheiro de cigarros baratos e vinho vagabundo. Acabei de ter esta sensação. Algo dentro de min parecia costurado a ponto de parecer que fizeram tricô com minhas tripas.

Dizia pra min mesmo que esta sensação talvez fora apenas um delírio, mas parecia que os que fizeram tricô com minhas tripas agora faziam com minhas veias, unhas, dentes e pelos.

Vou ate a porta da frente chuviscava um pouco. O cheiro do asfalto molhado leva-me ao âmbito mais profundo de todas as sensações nostálgicas. Sigo a procissão dos portes que me levam de cara ao resplendor dos céus de São Sebastião e suas colorações magnificamente belas. Estendo minha mão a frente e aberta como se fora receber algo e algumas gotas são presenteadas a min. Passo a mesma mão em meu rosto e cubro minha cabeça com o capuz de meu moletom afrodisíaco que carrega chifres de rinocerontes.

Olho ao redor todos parecem tão estranhos quanto eu. Presos a seguir seus destinos pressupostos por terceiros a passos vagarosos. Ninguém parece me notar.

-Girlfriend in coma I know, it’s so serious... it’s my last good bye it’s so serious…

Noto uma garota magnificamente bela a caminhar sob a fina chuva que banhara a cidade. Noto que seus cabelos possuem as nuances de minha palheta plástica, a mesma tinha seu corpo envolto em um fulgor dionisíaco, seu corpo parecia flutuar sobre o fino manto de água da chuva que repousava ao solo. Ela nota minha presença e para repentinamente. Fica a me encarar parece querer dizer-me algo, mas parecia que suas palavras haviam fugido, eu a olho e digo sobre os chifres de rinocerontes que repousam em meu moletom afrodisíaco, a mesma diz não acreditar, mas digo-a que pode acreditar em min. Pego sua mão e pomo-nos então a caminhar por entre as vielas de meu bairro, digo que a garota que amo esta em coma e é muito sério ela ainda parece não acreditar em nada que digo.

Ela sorri o tempo inteiro, mas não um sorriso escancarado que todos os seus dentes passam a impressão de que querem fugir da boca, mas apenas um fino sorriso com seus lábios arroxeados pelo frio.

Ela segura minha mão, eu digo que gostaria de fazer uma tela com a mesma. Ela sorri e pergunta-me se ela terá que se despir por completo pra min. Engulo ar a seco e minha garganta parece travar com a pergunta. Digo que se for possível eu me tornaria o cara mais feliz deste velho mundo. Ela continua a sorrir, seu celular toca era sua avó. Reclamando que a mesma não podia ficar por ai andando com qualquer um e que já era hora de voltar pra casa, e disse mais, pessoas normais não dançam na chuva pode estragar a tintura do cabelo, dizendo ainda:

-você não quer perder seu rosa, verde, roxo e vermelho quer?

A mesma atira o celular com tanta força contra o chão que pensamos que ia despedaçar-se em milhões de pedaços, mas ele para a poucos milímetros do chão fica lá inerte flutuando. Ela me olha com uma alegria que não consigo entender o porquê e me diz que queria ser minha eterna musa galáctica das estrelas.

Seguimos então pra minha casa. Agora sei o que o dia queria me contar. Agora sei quem era aquele alguém com cheiro de remédios.

-You watching me fall...

Chegamos enfim a minha casa e felizmente não havia ninguém lá todas aquelas pessoas indesejáveis haviam partido para não importa onde. Segurando a mão da mesma levo-a a meu quarto ela senta-se em minha cama, saio por alguns minutos, volto com um cavalete barato e de péssima qualidade uma tela, algumas tintas, pinceis emprestados, lápis e etc, etc.

Ela me observa com extrema atenção. E acaba por dizer que desenha também. Eu paro o que estava fazendo olho-a e pergunto se era sério o que ela havia dito, ela afirma que sim com toda a segurança do mundo, pede para que ligue o computador e vá a certa pagina e mostra-me seus trabalhos e fico encantado com a qualidade dos mesmos. Salvo alguns e voltamos à concepção da tentativa de reproduzir toda sua beleza perante meu caleidoscópio orgíaco movido a licores dionisíacos.

Converso com a mesma que estava a despir-se a minha frente. Fora tirando sua blusa lentamente, aqueles segundos pareciam eternos pra min, tirou-a e jogou a sobre minha cama, sua pele era de uma brancura perolada talvez a coisa mais bela que já havia admirado em toda a minha vida. Tentou desabotoar seu sutiã, mas talvez ainda estivesse entorpecida, pois não conseguirá solta-lo, levanto-me e meus dedos gelados tocam suas costas fazendo seus finíssimos e quase incolores pelos ouriçarem-se revelando todos aqueles pontinhos onde jazem as raízes de seus pelos, ela solta um suspiro. Desabotôo seu sutiã o mesmo cai no chão. Dou um leve beijo na parte de trás de seu pescoço à mesma vira-se e devolve-o em meus lábios. Afasto-me e sento em meu banquinho a frete de meu cavalete.

Seus finos e branquíssimos dedos de pontas róseas desabotoam sua calça jeans azul, a mesma segura a e desce a lentamente até os tornozelos, senta-se em um banco especifico para minhas mademoiselles que me servem de modelos para as mais variadas concepções artísticas (só a Anne que não tem tempo pra servir de modelo, apenas como modelo antes que alguém leia esta merda e queria me matar achando que quero comê-la, e pra reforçar é só como modelo você e seu namorado, podem ficar tranqüilos não tentaria atacá-la em hipótese alguma). Sentada ela leva suas pequenas mãos a calça puxa-a e a tira e joga a mesma sobre minha cama, levanta-se novamente penetra seus dois polegares por entre o elástico de sua calcinha extremamente branca tal qual sua pele, e vai empurrando-a para baixo tão vagarosamente que meu corpo entra em um turbilhão continuo do mais puro torpor dionisíaco embebido por aquele belo balé. Ela leva sua calcinha ate seus pés curvando-se para retirá-la e por a mesma sobre minha cama. Ela senta-se sobre o banquinho. Já bem corada por estar despida eu caminho ate a mesma e coloco um tecido sobre sua coxa direita e por entre sua cintura e peço-a pra ficar de costas pra min e de frente pra janela, ela parece meio desnorteada e permanece imóvel apenas me olhando. Suas bochechas estão bem róseas suas orelhas parecem em chamas de tão vermelhas, os bicos de seus seios estão bem rígidos e possuíam uma leve mistura de rosa e marrom, envolta dos mesmos seus filamentos venosos possuíam uma leve coloração azulada. Seguro em seus braços minhas mãos geladas fazendo-a arrepiar-se ainda mais ela fecha os olhos entorpecida pelo frenesi dionisíaco do momento, levanto-a meu intuito era apenas por a mesma de costas não com terceiras intenções, mas sim com o intuito de fotografar e estudar suas formas e delinear os chifres de rinocerontes contidos em suas curvas fetichistas, mas felizmente a mesma encarou aquele levantar de outra forma.

Com os olhos fechados a mesma aproximou sua face da minha, tão próximo que pude sentir sua respiração ofegar contra a minha. Seu hálito possuía um aroma tão doce que me embebedou de imediato, sua boca entreaberta fora vagarosamente aproximando-se da minha meus olhos foram fechando-se vagarosamente, mas antes de o fazerem tive tempo de deleitar-me com a magnífica visão do sol contra seus cabelos multicoloridos e a refração da luz do sol contra seu cabelo causava a ilusão mais bela que já havia tido ate aquele momento, não irei descrevê-la, pois quero mantê-la só pra min.

Seus lábios adocicados e brilhantes apertam-se contra os meus. Uma de suas mãos fora as minhas costas, a outra fora a minha barriga que a mesma trata de encravar suas unhas ate a mesma sangrar. Uma de minhas mãos toca levemente sua nuca, e a outra jaz em sua cintura. Ouço uma musica do Nouvelle Vague, coincidentemente era O Pamela ao fundo em um leve fade-in.

“This is a Page from my diary”

“Fifty of November”

“This is a page from my diary”

“But I can’t remember this”

“I wroth this words again”

“Flowers of pomegranate”

“All my feelings are change”

“Oh Pamela”

“Tell everyone…”

“Oh Pamela…”

Ouço um bater insistente e escandaloso na porta de meu quarto. Vou despertando aos poucos, e a garota que me acompanhara em meu delírio no plano onírico vai distanciando-se de min. A mesma ainda matinha seu magnífico sorriso no rosto e tudo a nossa volta estava se desfragmentando eu tento alcançá-la, mas a mesma já estava longe demais, ela percebe nossa distancia e grita:

-você me espera tá, nos veremos de novo, viu?

Apenas balanço a cabeça afirmando com toda a certeza do mundo que nos veríamos novamente e tentando avançar. Vejo a cada vez mais longe. Surge então a minha frente um filete do que me parecia água, ele corta todo o meu quarto acompanho no com meus olhos ainda tentando ferozmente avançar nem que seja um misero paço sinto um frio de cortar a pele, algo metálico choca-se contra o meu corpo e como se caísse de um edifício. A velha teoria do salto ao plano desperto é posta contra min, maldito Freud. Infelizmente desperto. Estou sobre minha cama meus cobertores ao chão junto de meu travesseiro laranja. Minha mãe batendo na porta como uma louca e gritando:

-Allan acorda a Pamela tá te chamando há uma meia hora...

Malditas sejam. Levanto e lá esta ela em pé a minha porta um ódio indescritível corre por todo o meu corpo tento não socá-las meu rosto treme parece ter convulsões e um fingido sorriso toma forma. dou boas vindas à mesma que entra em meu quarto e abraça-me. Peço licença pra ir ao banheiro, adentro-me no mesmo e lavo meu rosto e recebo de min mesmo alguns fortes bofetões para afastar o ódio matinal comum de minha pessoa. Não consigo esquecer a moça de meus sonhos, ela dizendo pra esperá-la. Meu deus este fora o sonho mais vivido de toda a minha vida.

Mal vejo a hora de ficar em coma...

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Boteco da Anne - Prós e contras de um show gratuito

Sim. Não consigo ficar sem minhas crônicas. Fui feita em prosa e em prosa eu me expresso melhor. Boteco da Anne é uma coluna de crônicas, que virão por aí quando eu tiver como escrever.
Garçom, desce uma pra nós...


   Prós e Contras de um show gratuito
   Recentemente tive o prazer de ver de perto quem tanto ouço nas miseráveis caixinhas de som que tenho: Zé Ramalho. Como parece, o show é cheio de misticismo e um calor musical que só mesmo estando lá pra entender. As músicas parecem ter sido escolhidas do meu computador, todas perfeitamente apropriadas para o momento. Me arrisco até em dizer que eu consigo entender claramente Chão de Giz, apesar que esse lance de interpretar música alheia vai muito mais do que você sente do que realmente o autor quis dizer. Enfim. O show de fato não deixou nada a desejar. Foi lindo e exatamente aquilo que eu esperava dele. Sua voz cavernosa e impetuosa explodia naquelas pobres caixas de som que mesmo potentes, pareciam chiar com tamanha grandeza do palco.

   Mas, como nem tudo são rosas, o que não foi citado é que o show foi gratuito. Por um lado é muito bom. Posso dizer para vocês que os únicos shows que fui e vou são os gratuitos. A não ser que seja uma oportunidade única na minha vida... Se algum astro do rock que esteja perto dos 27 anos fizer um show pago e eu não tiver tanta certeza de sua morte, eu não vou. Sou mesmo da turma do 0800 e tenho total orgulho disso.

   Shows gratuitos são ótimos, a não ser pelo fato de serem gratuitos. Neles você encontra de vampirinhos à pessoas sem musicalidade. No show do Zé, por exemplo, o lugar estava lotado. Não dava espaço nem mesmo para acender um cigarro. Juro que se eu me movesse mais um pouco, vestiria a mesma roupa da moça que tava do meu lado.

   Em show grátis, todos os seus amigos vão. Mas por todos os amigos dos amigos dos amigos dos amigos de outras 1000 pessoas vão também, você acaba curtindo o show sozinho ou acompanhado de inúmeros amigos que nenhum deles é seu.

  Obviamente tem sempre o cara que vende cerveja e passa com o sovaco "cheiroso" na sua frente empurrando geral e fala com uma voz ensurdecedora de Mc Catra: "5 reais a cerveja!". Oh! A inflação bateu feio na minha cara. Mas, se lasque doido! Não sou muito fã de cerveja mesmo. Ao contrário do que pregam, não bebo tanto assim. Passei o show à cigarros e água.

   Até aí tudo bem, porém tive a sorte de me colocar ao lado dos fluxos. As pessoas pareciam me marcar como ponto de referencia. Não é possível. Acredito que em show gratuito, assim como quem vai só pra ouvir a música, tenha pessoas que só vão pra andar. Não tem nada pra fazer e procuram o show gratuito pra bater perna. Nisso, vão batendo a carteira de muita gente. Acho que a frase que mais usei no show foi: “Tá levando uma bolsa a mais, senhor”. O pior é que tem sempre um que vem na contramão empurrando tudo que vê pela frente.

  Vou começar a carregar um kit-show-gratuito, contendo plaquinhas de “Pare”, “Desvie”, “Fique onde está”, talvez um apito e um spray de pimenta, pra eu economizar os meus palavrões.

   Diga-se de passagem, que eu estava bem, com botas. Fiquei com dó da mocinha do lado (a mesma da calça), que combinou a calça com um scarpin 15 centímetros. Se eu estava apertada, imagino a situação dos dedos dela. Se bem que os dedos não tinham que suportar o Sovaco do nosso lado.

   Ainda assim tinham pessoas bem humoradas, felizes por estarem curtindo uma hora e meia de um show grandessíssimo. Mas acho que Caio que estava do meu lado não. Isso é sério. Caio é um cadeirante e estava assistindo o show do meu lado, a uns 30 metros do palco, sem enxergar nem o “z” de Zé. O mínimo que se podia esperar é de uma área reservada aos nossos amigos cadeirantes.

   Show gratuito é massa! Massa pra você viver um pouco do “andergraude” que nos limitamos a não viver. É encarar essas e outras atrocidades para ouvir numa oportunidade que pode ser única de ouvir seu ídolo, sua inspiração. Curtir com os amigos (seus ou não) com o som que você sempre quis, ali... Ao vivo.

sábado, 21 de maio de 2011

Dion Leno

Ilustre Ilustração: Sakuro Sama


Era uma tarde ensolarada. Leia-se quente, escaldante e ofuscante. Não me lembro para onde íamos, mas lembro que tínhamos um violão e esperávamos alguém, de modo que paramos na renomada padaria que fica na última esquina do nosso bairro, próximo à parada de ônibus, a fim de aproveitar a sombra e a escadaria para nos sentar. Com os violões ensacados, tudo o que desejávamos nesse momento era um bom refresco.
Como sempre acontece nessas ocasiões, eis que aparece um velhinho, um típico velhinho bêbado e vagal, com chinelo sujo, bermudinha ordinária acima dos joelhos, camisa rota de campanha ou de empresa, cabelo mal cortado e a barba malfeita, além do andar cambaleante e da magreza notável. Apesar de todas essas características típicas, havia algo na fisionomia desse senhor que me parecia muito, muito familiar. Além de um certo sotaque não identificável... ou será que era a bebida?
Com uma certa dificuldade para falar sua fala embolada, o bebinho disse:
- o, cs nm qumrfir?
- ?
- Cês não qué um refri?
Queríamos. Sabíamos o que isso queria dizer. Em nossas andanças, aprendemos que jovens garotos munidos de violão sempre poderão contar com a generosidade de velhos bebinhos, de forma que não estranhamos a oferta. Também sabíamos o que viria a seguir: uma bela sessão de sertanejo, modas e Amado Batista. Para nossa sorte, já estávamos preparados pra esse tipo de situação, e tínhamos um belo repertório de breganejos e afins.
Quando o velho saiu de dentro da padaria com uma bela Coca-Cola de dois litros e meio, já estávamos com as violas desensacadas e água na boca. Nunca bebemos uma coca tão apetitosa na nossa vida, ou já. Aquele tipo de Coca que você saboreia nos calores mais infernais.
- Ou...
Preparar.
- ... toca...
Apontar
- ...um pinkflóid aí pa nois!
?
Pink Floyd? Talvez não fosse um bebinho forrozeiro como imaginamos. Mas não queria dizer muita coisa. Quantos velhinhos bêbados não curtem Wish You Where Here? Principalmente os que tocam violão. É o mesmo fenômeno de Zé Ramalho e Raul Seixas, que se fazem presentes desde bares até festas de partidos e sindicatos, em shows de rock ou festas agrícolas. Além disso, Wish You Are Here é uma daquelas músicas que todo mundo aprende quando começa a tocar violão, junto com faroeste caboclo e  More Than Words, etc. Foi justamente ela que tocamos. Não sabíamos cantar, mais embromamos.
- Agora, tca um... toc'um... um élvis i pa nois, vai! - disse ele estralando o dedo indicador com o médio, como faz esse tipo de gente.
Raylander se animou, porque ele amava Elvis. Mandou Pretty Woman, uma das suas preferidas.
O bebinho replicou:
- ssa músca não é do évisz ms ta de boa. Agora manda um black sabbath!
Aí nós nos entreolhamos. Elvis? normal. Pink Floyd? Vá lá... Mas... Black Sabbath?!
Não estávamos defronte para um bebinho comum. Não que se tratasse de algo impossível ou absurdo, mas não é todo dia que você encontra um bebinho em estado tão deplorável que curte Black Sabbath!
Raylander sabia tocar Iron Man, como sempre. Normal. Eu mandei Paranoid e N.I.B.
Mas o que arrepiaria mesmo seria o que viria a seguir.
- Manda um...
- ...
- Manda um...
- ?
- Manda um bitous pra nois aí, por favor. Se quiser pde pegar outra coca.
Nós nos entreolhamos mais uma vez. Por vários motivos. Pela estranheza do pedido. Porque justamente no caminho da vinda estávamos discutindo se, afinal, John Lennon havia ou não morrido. E porque justamente nesse dia, um pouco mais cedo, eu havia ensinado Raylander a tocar Imagine.
- É contigo, Ray. Mostre o que aprendeu.
Ray então fez soar com maestria a música Imagine das cordas do seu violão chamado Big George, enquanto eu cantava com não tanta maestria assim.
Enquanto cantávamos, os amigos que esperávamos chegaram, então nos despedimos e nos apresentamos ao velho.
E o senhor, como se chama? - dissemos enquanto ela já estava indo e nós também.
- Przer, meu nome é John Lennon.

***

- ?




Esta de Rick Caldeira
   



quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Rock'n'Roll Acabou






O Rock'n'roll acabou
As luzes foram apagadas
Só sobraram as restías perfumadas
A fumaça artificial da máquina
Garrafas de vinho e cerveja vazias
E vídeos em baixa resolução do Show
No lixo uma guitarra queimada
O rock'n'roll acabou.

O rock'n'roll Acabou!
O meu dinheiro acabou...
O meu cachorro se matou
O cubo de baixo pifou
A banda já foi embora
E o vinho  também acabou
Nâo há mais música alguma
O Rock'n'roll acabou!

O rock'n'roll... acabou...
Só sobrou a distorção
Todos foram expulsos
Quem pagou e não pagou
Os amigos foram expulsos
As góticas ferem os pulsos
As garotas foram embora
E um metaleiro chorou
Não há mais sexo e nem drogas
O rock'n'roll... Acabou...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

HeadPhone

   Arte: Zakuro Aoyama






Ah! há muito tempo eu havia esquecido
A emoção que é ouvir música em um fone de ouvido.

Não um fone vagabundo de um e noventa e nove
mas um fone de qualidade que nem molha quando chove.

Um fone bom e acolchoado que te isole dos zumbidos
tão macio que seja música e travesseiro pros ouvidos.

Que pareça um capacete e tenha um arco esparrado,
desses que amassam seu cabelo e deixam o ouvido colado,

desses que se adequam ao seu ouvido como uma roupa bem justinha
como um casaco bem quentinho, uma camisa bem macia.

Que amacie os seus ouvidos e te isolem do universo
que traga o universo pra dentro pelos seus fios paralelos.

E os fios, que sejam envoltos em uma camada de pano
que os proteja por dentro pra que não fiquem quebrando,

para que as ondas sonoras que viajam não se contaminem
no percurso entre o pc e o cérebro do ouvinte.

Que as ondas cheguem puras e intactatas no seu aparelho auditivo
como se o som que ora se ouve nunca tivesse sido ouvido.

Como se a Janis estivesse cantando essa canção agora
como se eu estivesse no estúdio onde essa deusa esteve outrora.

Em 20hz de frequência o som penetre meus ouvidos
e vá direto pro coração, imponente, incisivo.

Que ele fira a minha alma com o seu agudo perfeito,
e que o seu grave definido bata forte no meu peito.

E que quando Paul estiver dedilhando o seu violão
em "Blackbird', eu ouça o barulho da corda atritando com sua mão.

Que o ouça até a sua cabeça se meneando de forma lúdica,
e o som dos seus pés batendo no chão, marcando o ritmo da música,

e o cigarro de Jimmy Hendrix sendo passionalmente consumido
enquanto a sua Stratocaster chora um solo distorcido

como se o fone do meu headfone fosse um cubo valvulado,
como se o cabo estivesse direto na guitarra conectado.

Que esse fone me transporte direto para o outro mundo.
Que esse som então me mate como se me afogasse num lago profundo.



xxiv/ii/mmx xvi:vi, inaugurando o fone de ouvido que acabei de comprar por 20 reais na loja de informática em frente à padaria papiu, e lembrando que eu não ouço música no fone de ouvido desde o fim do ano passado, quando o célio quebrou meu fone de ouvido preferido que era infinitamente melhor do que esse. ou seja, eu não ouvi musica em fone de ouvido esse ano, ainda. a primeira canção que ouvi foi summertime. a segunda foi you shook me. a terceira foi since i've been loving you. a quarta foi blackbird. a quinta e, nesse momento a sexta foram, tbm, since i've been loving you, dessa vez não por escolha minha, mas da reprodução aleatória do aimp. a reprodução aleatória é sábia. ela sabe o que faz. embora aleatória, não creia que essa música foi tocada duas vezes por acaso. não foi. a reprodução aleatória é sábia e sabe o que faz.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sex'n'roll

Para Lucy, a minha garota ideal (minha garotinha)





Ela nunca me decepciona
Ela nunca me deixou na mão
Eu a amo, ela se chama Lucy
Nós juntos somos um só coração

Ela foi feita para mim, eu sei
Delicadamente fabricada a mão
Com madeiras de lei de ótima procedência
com vinte casas e um braço com muita tensão

Seus captadores, muito embora passivos
Captam minha alma e a amplificam no vão
Ela ouve, paciente, todas as minhas angustias
E me consola cantando comigo a mesma canção

E quando eu toco suas cordas com todo o meu sentimento,
As cordas mais profundas do seu coração,
E acaricio seus braços carinhosamente
Ela chora gentilmente e geme com emoção

Oh Lucy, no Céu com Diamantes
Para ti eu comporei uma canção
De ninar e se dormires nos meus braços
Sussurrarei aos seus ouvidos toda a minha excitação

Oh Lucy! Suas curvas estravagantes...!
Seu corpo é negro e a sua mão
É macia e me dá sem esperar nada
todo e qualquer tipo de afinação!

Você nunca sai do tom, você nunca desafina
E mesmo quando está nos braços de outro varão
É por mim que tu soas! sei que cada nota
é feita pra mim, não digas que não!

Ela é tão folk, a minha garotinha
Elvis teve um affair com sua irmã
Eu te encontrei numa loja de música um dia
E te levei pra casa após muita negociação

Lucy, Lucille, eu tenho certeza
foi feita pra você, e B.B. King
Sempre a desejou, mas não a conseguindo
se contentou com com qualquer uma que lhe caiu a mão.

Lucy, a você eu devoto
Meu amor eterno e meu coração
Não há garota no mundo melhor que você
Mesmo que você seja um violão...
Enquanto eu tiver você, Lucy
eu terei música no meu coração!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

The Queen is Dead




O Robert Smith
Lia muito Adam Smith
Seguia a religião de Joseph Smith
Torcia sempre pelo agente Smith
Odiou Sr e Sra Smith
Assistia Will Smith
E era fã dos SmithS


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Vodka com Coca

Doravante, Fonofilia terá uma seção de poesia com o tema música. Rock, no entanto, é uma música que não é só música, é tudo, mas por outro lado, toda música verdadeira é tudo além de música, então porquê estou me explicando?

Esta vai para todas as roqueiras:




Vodka com Coca

Vc pisou meu coração
com o seu negro coturno,
e com seu spike, soturno,
dilacerou minha carne.

vc usou o meu sangue
para tingir seu cabelo
com esse rubro vermelho
como o sol daquela tarde.

Você prensou minha epiderme
com a marca das bestas cruéis
dos seus barrocos anéis,
como quem esmaga um verme.

Com suas correntes de cachorro
vc prendeu a minha alma
me vendo, minúsculo, na palma
da sua mão, gritando socorro.

Vc me deixou afogar
na vodka de tua coca-cola,
e quando vc desmaiou na escola
eu era o único que estava lá.

Vc me fita com seus olhos de vinho
e com lábios vermelhos engole meus lábios.
Minha prisãonão vejo, e já não vedes
que juntos mandamos tudo aos diabos!


db; II / XII / MMVI


Este poema será recitado nesse sábado no sarau psicodélico, por moi. Os poetas Supernovas Paladino e Zakuro tbm recitarão comigo, além da nossa amiga Nanda Fê. A quem interessar possa: