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domingo, 30 de setembro de 2012

ar de abraço


Clique na imagem para acessar o site e baixar o CD. 
inicio este texto e esta é a terceira vez. abraço, de beto mejía, não inicia, mas nos conduz a um universo sagrado e coletivo, onde nossos ouvidos são como os portões de madeira que citados no seu site onde fiz gratuitamente o download do disco.
em seguida, "a canção abre devagar seus olhos", conduzindo-nos em uma, talvez, valsa que me leva a fase inicial dos móveis, me fazendo sentir de novo aqueles arrepios e uma alegria incontrolável, como se meu corpo etéreo vibrasse a cada corda, me levando pela mão em uma dança linda. a música é suave e inocente, o refinamento técnico e artístico são um acabamento perfeito e me encho de orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de artistas como ele.o parágrafo acaba e me encho de expectativa para a terceira faixa. 

o piano inicia e acompanha uma letra bem resolvida, como um quebra-cabeça de palavras e ideias bem movianas*. o tema é a concepção da vida. de início, estranhei uma voz masculina cantar o universo da gestação de uma forma tão pessoal, que não deixam mentir as palavras que descrevem o autor, como um marido apaixonado e aspirante a pai - e caio na reflexão sobre o poder do amor em lapidar pessoas. o álbum é versátil, leve e saboroso. dá vontade de gravar tudo num cd e sair para viajar de carro com a janela aberta e mãos fazendo ondas no ar.
pelo momento que passa a produção musical nacional e a fase que passam os próprios móveis - impossível não me segurar em fazer comparações - fiquei extremamente feliz quando tive em mãos a possibilidade de baixar este álbum. desde o início dos anos 2000, tenho observado uma tendência ao hibridismo e um impulso à experimentação. mesmo não conseguindo identificar no álbum um estilo claro, sinto uma unidade estético-poética que permeia todas a faixas, garantindo um estilo próprio ao disco. mesmo com suas características afins aos Móveis, é claro em Mejía a expressão de uma linguagem particular e com aguçada atmosfera espiritual.
o álbum chega aos seus últimos segundos e, no silêncio que sucede o fim, me espremo em uma ânsia que de que não disse tudo o que gostaria. este álbum é mais que música, é imersão que só se consegue em abraço verdadeiro. com palavras embaralhadas, apenas fico com a imagem do músico que emerge das águas e lava os olhos, assim como me sinto em tantos textos que escrevi até hoje.

*movianas (adj.). Relativo à banda Móveis Coloniais de Acaju..

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