Sim. Não consigo ficar sem minhas crônicas. Fui feita em prosa e em prosa eu me expresso melhor. Boteco da Anne é uma coluna de crônicas, que virão por aí quando eu tiver como escrever.
Garçom, desce uma pra nós...
Prós e Contras de um show gratuito
Recentemente tive o prazer de ver de perto quem tanto ouço nas miseráveis caixinhas de som que tenho: Zé Ramalho. Como parece, o show é cheio de misticismo e um calor musical que só mesmo estando lá pra entender. As músicas parecem ter sido escolhidas do meu computador, todas perfeitamente apropriadas para o momento. Me arrisco até em dizer que eu consigo entender claramente Chão de Giz, apesar que esse lance de interpretar música alheia vai muito mais do que você sente do que realmente o autor quis dizer. Enfim. O show de fato não deixou nada a desejar. Foi lindo e exatamente aquilo que eu esperava dele. Sua voz cavernosa e impetuosa explodia naquelas pobres caixas de som que mesmo potentes, pareciam chiar com tamanha grandeza do palco.
Mas, como nem tudo são rosas, o que não foi citado é que o show foi gratuito. Por um lado é muito bom. Posso dizer para vocês que os únicos shows que fui e vou são os gratuitos. A não ser que seja uma oportunidade única na minha vida... Se algum astro do rock que esteja perto dos 27 anos fizer um show pago e eu não tiver tanta certeza de sua morte, eu não vou. Sou mesmo da turma do 0800 e tenho total orgulho disso.
Shows gratuitos são ótimos, a não ser pelo fato de serem gratuitos. Neles você encontra de vampirinhos à pessoas sem musicalidade. No show do Zé, por exemplo, o lugar estava lotado. Não dava espaço nem mesmo para acender um cigarro. Juro que se eu me movesse mais um pouco, vestiria a mesma roupa da moça que tava do meu lado.
Em show grátis, todos os seus amigos vão. Mas por todos os amigos dos amigos dos amigos dos amigos de outras 1000 pessoas vão também, você acaba curtindo o show sozinho ou acompanhado de inúmeros amigos que nenhum deles é seu.
Obviamente tem sempre o cara que vende cerveja e passa com o sovaco "cheiroso" na sua frente empurrando geral e fala com uma voz ensurdecedora de Mc Catra: "5 reais a cerveja!". Oh! A inflação bateu feio na minha cara. Mas, se lasque doido! Não sou muito fã de cerveja mesmo. Ao contrário do que pregam, não bebo tanto assim. Passei o show à cigarros e água.
Até aí tudo bem, porém tive a sorte de me colocar ao lado dos fluxos. As pessoas pareciam me marcar como ponto de referencia. Não é possível. Acredito que em show gratuito, assim como quem vai só pra ouvir a música, tenha pessoas que só vão pra andar. Não tem nada pra fazer e procuram o show gratuito pra bater perna. Nisso, vão batendo a carteira de muita gente. Acho que a frase que mais usei no show foi: “Tá levando uma bolsa a mais, senhor”. O pior é que tem sempre um que vem na contramão empurrando tudo que vê pela frente.
Vou começar a carregar um kit-show-gratuito, contendo plaquinhas de “Pare”, “Desvie”, “Fique onde está”, talvez um apito e um spray de pimenta, pra eu economizar os meus palavrões.
Ainda assim tinham pessoas bem humoradas, felizes por estarem curtindo uma hora e meia de um show grandessíssimo. Mas acho que Caio que estava do meu lado não. Isso é sério. Caio é um cadeirante e estava assistindo o show do meu lado, a uns 30 metros do palco, sem enxergar nem o “z” de Zé. O mínimo que se podia esperar é de uma área reservada aos nossos amigos cadeirantes.
Show gratuito é massa! Massa pra você viver um pouco do “andergraude” que nos limitamos a não viver. É encarar essas e outras atrocidades para ouvir numa oportunidade que pode ser única de ouvir seu ídolo, sua inspiração. Curtir com os amigos (seus ou não) com o som que você sempre quis, ali... Ao vivo.
o show deve ter sido muito bom mesmo hein pra uma crônica inspirada assim ;]
ResponderExcluircurti cada linha, ideia e piada luterina. bgs.
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