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segunda-feira, 9 de maio de 2011

No Wave




Todo movimento artístico, político, religioso ou seja lá do que for, de grandes dimensões, sempre tem um lado mais radical.

Pode-se dizer que no caso do punk, nos anos 70, foi o no wave, cujo termo é um trocadilho com new wave, um gênero mais comercial do punk e, para muitos, traidor, hehe...

Mas os caras desse movimento eram muito mais inconformados com o que estava acontecendo do que pareciam.

Apesar das letras contestadoras, dos berros e das cuspidas na cara de fãs, para eles o punk era apenas uma retomada ao rock simples dos anos 50, então soterrado pelas toneladas de virtuosismo do progressivo. Os riffs dos Sex Pistols eram apenas Chuck Berry em 45 rpm. Optaram, então, por uma filosofia de rejeição, de não-pertencimento a qualquer movimento. Mergulhararam numa nova ordem subversiva e incatalogável.

Numa Nova York muito diferente da de hoje, para quem a considera um paraíso terrestre, o epicentro dessa turma era o "Iower east side", bairro tomado por prédios abandonados para onde migravam artistas plásticos, músicos, escritores, atores, traficantes e perdidos em geral. Nova Iorque não estava destinada a ser palco de limitações estilísticas e o punk constituia apenas uma parcela do terreno reservado ao novo. Na cidade, os clubes fervilhavam de jazz, world music, calypso, discoteca, funk e música de vanguarda. Havia também o hip hop e o grafite que então nasciam. Muito dessa cena pode se vista no filme downtown 81, um grande registro da época.



As bandas no wave levavam tudo ao extremo. Se o punk se valia de três acordes, rejeitando o virtuosismo, bandas como DNA, Mars e Teenaje Jesus simplesmente socavam seus instrumentos. Seus shows demoravam no máximo quinze minutos. Era uma explosão de ruídos.

O principal registro disso tudo foi a coletânea "No New York", lançada em 1978 e produzida por Brian Eno que, inspirado pelo que estava vendo e ouvindo, decidiu produzir um LP com as melhores bandas locais. O disco reúne quatro bandas - James Chance and the Contortions, Teenage Jesus and the Jerks, Mars e DNA-, que contribuíram com quatro faixas cada uma...





James chance and the Contortions

Uma figura-chave na no wave, Chance desempenhou uma combinação de improviso jazz com música punk na cena musical de Nova Iorque.
"...se diferenciava de alguns de seus colegas do no wave por possuir (e exigir de sua banda) um certo nível de habilidade musical e talento. Sua música pode ser descrita como uma combinação da improvisação de Ornette Coleman com a firmeza rítmica de James Brown, embora filtrados pela lente (grande angular) do punk rock." Martin C. Strong diz. No palco, enquanto soprava seu sax em riffs punks, simulava ataques esquizofrênicos e, não raro, atacava o próprio público.









Teenage Jesus & the Jerks


Foi uma influente banda de pós-punk de Nova Iorque dentro do chamado movimento no wave, fundado por Lydia Lunch, que já foi garçonete do CBGB, e pelo saxofonista James Chance. O grupo se notabilizou por suas apresentações de dez minutos preenchidas com músicas de "treze" segundos, porém com letras inusitadas e criativas. Com isso, Lunch procurava levar a música para além do tradicionalismo do punk rock.









Mars


Seu estilo abrangia desde o ambient até a noise, caracterizando-se por letras surrealistas e uma bateria fora dos padrões convencionais. Nenhum dos membros tinha conhecimento musical algum, e eram completamente inexperientes antes de formar a banda.

O vocal se constitua de um emaranhado de grunhidos. Nem parece que cantavam inglês Talvez uma língua morta de alguma civilização perdida...















DNA


Para mim, a melhor banda do movimento, formada em 1978 pelo guitarrista Arto Lindsay, um americano de coração brasileiro, fã de tropicália, que passou anos no Brasil com os pais, missionários, e o tecladista Robin Crutchfield.

Ao invés de tocar os seus instrumentos de forma tradicional, eles focaram-se em fazer sons únicos e incomuns. Buscavam um minimalismo extremo, com guitarras esparsas e vocais às vezes gritados, outras vezes sussurrados Sua música foi descrita como de reposição, barulhenta e angula,r e foi comparada com algumas do Captain Beefheart e até mesmo Anton Webern .









No New York

No New York, mais do que um grande disco, representa um estado de espírito. Nenhuma das bandas veio a ter uma carreira de sucesso, mas seu inconformismo e sua busca pelo novo inspiraram muita gente. Ecos da no wave podem ser ouvidos em Sonic Youth (em grande proporção), Flaming Lips, Swans, e até mesmo em grupos mais novos como LCD Soundsystem, Rapture e TV on the Radio.









Sonic Youth




Fenômeno-relâmpago, crê-se que a No Wave tenha terminado com o fim DNA em 1982, perfazendo um total de quatro anos de existência

Ouvidos "abridos" aí vai:

As quatro músicas do dna da compilação no new york

Uau! Ótima musica pra se iniciar um otimo disco, free-jazz e punk entrelaçados

Baixe No New York:

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