"When the music is over,
Turn off the lights."
Jim Morrison
Quando a música acaba... apagam-se as luzes. Maneira clichê de começar um relato, não?
Entretanto, a música, assim como o cinema e a filia, é um agregado de clichês funcionais, convenções que comunicam, e sem as quais a mensagem não teria força.
Existem canções e canções. Existe bossa nova e rock'n'roll. Algumas canções são suas preferidas. E outras... também são suas preferidas, ora! Não é assim? É assim na música, no cinema e na filia.
Amigos.... neste inverno, eu me apaixonei perdidamente por uma canção. Foi como todas as paixões avassaladoras por canções: começa contigo vendo o título da música. O título te agrada e você quer conhecê-la, custe o que custar. Então você coloca ela pra tocar e...
Oh, não era tão legal. Vamos tentar outra.
Mas aí, você já está com a maldita primeira música na cabeça e resolve ouvir de novo. Hum.. parece legal. Vamos cantando para ver no que vai dar. Você baixa a letra da música, você assiste os vídeos, analisa a performance ao vivo e, quando menos percebe, está viciado, completamete viciado, a ponto de não conseguir dormir se não ouvir uma vez mais aqueles sons que tanto te mexem.
A canção que estive ouvindo neste inverno era uma canção negra e linda, de formas voluptuosas, olhar lânguido e, até certo, ponto indolente, cabelos espiralados e uma certa infantilidade encantadora. Parecia feita pra mim. Muita vez causou-me arrepios e orgamos. Muita vez me deixou com poluções noturnas. Muita vez me deixou de lábios mordidos. Oh, doce canção... Parecia o som dos deuses, vindo direto do planeta Vênus, ou da deusa Vênus. Apolo que perdoe. Dionísio, tomai de conta.
Mas certas canções tem muita... dinâmica.
Sabe Carmina Burana? Desse tipo. Cheia de sobes e desces... de bravatas e calmarias.
E sabe quando você ama uma musica por completo, mas não gosta do solo?
Oh! Aquele solo bizarro e desajeitado da versão ao vivo, com aquele overdrive mal regulado... que te deixa realmente chateado.
Sim, esta canção tinha um solo que me irritava profundamente, era um solo agudo e estridente, com uma certa insatisfação na execução. Parecia feito pra irritar. Era como uma cobrança, era como alguém frustrado por alguém que não foi a sua festa de aniversário, e trazia à tona todas as imperfeições da canção...
Mas não adianta! quando se vicia numa canção, não se quer que ela acabe nunca. Mas, sabe... Uma hora, a gente cansa, enjoa, e quando menos se espera...
A canção acaba, com remorso, mas sem dor.
Um sinistro acorde final finaliza a canção, encerrando um ciclo.
Foi bom, muito bom enquanto durou.
Foi lindo, e pode vir a ser de novo, mas acabou.
e nós nem dançamos! Mas betemos muita cabeça, e pulamos.
A música acabou... Apaguem as luzes!
A música acabou... mas o show está só começando...
d.b v/v/mmxi ii:xxix - Legião, toda a discografia. Redescobri um sabor antigo. ótimo cancioneiro para celebra o fim de uma canção.
"quando se vicia numa canção, devana, acho que vai além de não querer ouvir seu final. estou ainda no vício de Deusa Urbana. Vou ouvindo ela e voltando e voltando pra que nunca chegue na ultima estrofe. Sou outra pessoa ouvindo essa música. Sou quase a mulher que se esconde. O vício numa música não é só uma paixãozinha por alguns acordes com letra. É semelhante àquele que se vicia no álcool e precisa dele para ser quem ele quer.
ResponderExcluirquando se vicia numa canção, o fim, por mais previsivel, é o pior movimento da música, por melhor que ela seja."
qm é essa mulher na fotu?
ResponderExcluirA mulher da foto chama-se Esperanza Spalding.
ResponderExcluirsugiro que procure por ela. estou apaixonado pela mesma.
e anne: Existem canções e canções, e existem vícios e vícios.
Apaixonou-se por ela?
ResponderExcluirEspero um post. Já.